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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
observo-te do exterior, qual predador.
vejo-te passear a vida entre assoalhadas,
com o amor de quem sabe o que tem.
um amor inferior ao meu desejo de matar.
no silêncio aproximo-me do teu umbral,
oculto pela dança das folhas, quedas pelo vento,
escuto os teus sons e conto cada passo a compasso,
numa pauta marcada pelo ritmo do inevitável.
elevo a janela da cozinha, entreaberta.
o teu cheiro invade os meus sentidos.
a mescla do doce perfume com o odor de vítima
apazigua o último vestígio de consciência em mim.
perfeita, erecta, encontras-te a contraluz.
a iluminação envergonhada produz magia,
e observo a dança da tua sombra ao som do nada
antes de me fazer teu par na valsa da morte.
aprisiono-te sob o ar insuspeito da surpresa,
a dança, antes tão sensual, poética torna-se abrupta,
tentas resistir à minha investida... sem sucesso,
até te imobilizar finalmente... os meus braços nos teus.
olho pela última vez a vida do teu contemplar,
tremo ao abraçar as minhas mãos ao teu pescoço...
ao sentir a circulação esvanecer, qual rio sem corrente.
fico a ver a luz ausentar-se no teu último olhar.
deixo-te. morta.
PAS
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