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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
quem me conhece sabe o quanto prezo as palavras, os grandes discursos, a poesia, a prosa... talvez por serem imortais, inextinguíveis, intemporais. tento fazer, e ás vezes arrependo-me, uma homage a este sentimento com esta sopa de letras, de nome "aforismos e afins", no entanto, face à parca experiência do "génio" por trás do léxico, resolvi abrir um espaço mais digno, onde será entregue a "palavra" aos grandes oradores da nossa história e aos seus mais brilhantes discursos.
PAS
4 June 1940
"I have, myself, full confidence that if all do their duty, if nothing is neglected, and if the best arrangements are made, as they are being made, we shall prove ourselves once again able to defend our Island home, to ride out the storm of war, and to outlive the menace of tyranny, if necessary for years, if necessary alone.
At any rate, that is what we are going to try to do. That is the resolve of His Majesty's Government-every man of them. That is the will of Parliament and the nation.
The British Empire and the French Republic, linked together in their cause and in their need, will defend to the death their native soil, aiding each other like good comrades to the utmost of their strength.
Even though large tracts of Europe and many old and famous States have fallen or may fall into the grip of the Gestapo and all the odious apparatus of Nazi rule, we shall not flag or fail.
We shall go on to the end, we shall fight in France,
we shall fight on the seas and oceans,
we shall fight with growing confidence and growing strength in the air, we shall defend our Island, whatever the cost may be,
we shall fight on the beaches,
we shall fight on the landing grounds,
we shall fight in the fields and in the streets,
we shall fight in the hills;
we shall never surrender, and even if, which I do not for a moment believe, this Island or a large part of it were subjugated and starving, then our Empire beyond the seas, armed and guarded by the British Fleet, would carry on the struggle, until, in God's good time, the New World, with all its power and might, steps forth to the rescue and the liberation of the old."
Winston Churchill
são tuas as carícias do vento.
é tua a face que a chuva desenha.
na tua ausência tudo se estranha,
sou a herança do teu talento
e sem ti não concebo um mundo.
aguardo o teu regresso, sem sucesso.
levaram-te a voz, o gesto, a presença.
sobrou, tão só, sombras da vida imensa
que contaste entre caminhos de excesso.
pai... sem ti não concebo um mundo.
gostava de dizer que perdoo...
mas a angústia sufoca-me o sentimento.
tantas promessas... resta-me o mundo,
sem ti.
PAS
uma vez escrevi, ao meu pai, que a realidade cada vez mais se confunde com a utopia que a famosa caixa mágica vende. que por vezes tentamos medir o nosso sofrimento pelo sofrimento alheio, pior, falso, e esperamos que os episódios dedicados a um drama particular se desenrolem na expectativa, equivocada, de que tudo termine com uma reunião feliz, com a união harmónica dos elementos do universo, uma divina mão de Deus… no entanto, mais insano é o retratar casual da morte. é tudo tão poético, tão certo, como se a natureza estivesse apenas a recolher um bem emprestado… todos aquiescem à partida, sem remorsos de nunca mais ver um regresso, sem a dor do vazio criado pela eterna ausência daquela voz, no fim, como uma linha de texto que termina com um ponto final precedendo novo parágrafo.
há muito que a ficção não conta, como o sufoco que fica residente a cada memória que irrompe sem hora, sem minuto marcado. a incredibilidade… ouvir aquela voz perecida extravasar a realidade e exibir a vida que antes cantou. o som da música que baptizou viagens, que casou momentos… é o escorrer de uma lágrima por cada insignificância.
à sombra das artes dramáticas devia condescender, aceitar e agradecer… mas não. no fundo é como um longo caminho para casa, sem paisagem ou som, sem culpas para entregar, sem fantasmas para expulsar… só!, com o conhecimento prévio de que aquele por quem esperamos não estará no destino para nos receber.
“I hear only what i want to hear
But I have to believe in something…”
In Paris, Soapbox Opera by Supertramp
PAS
caminhamos cegos sobre mentiras. mentiras oferecidas por pequenas janelas tecnológicas que nos parecem conhecer melhor que nós próprios. exploram a infelicidade residente no lugar mais recôndito do ser, e revelam no espelho irreal do vidro de imagens, o reflexo de um âmago corrompido, sem sintomas de verdade ou bom senso.
caminhamos sobre mentiras, à procura de uma promessa que nunca pedimos, à espera de ver regressar a inocência que vendemos numa picada qualquer, de um lugarejo qualquer do tempo. Inibimos a intuição para acreditarmos que a vida é de sentido único… até aqueles pedaços de vida que nos identificam começarem a perecer. nesse “então”, acontece uma dor tão irreal quanto a percepção das alternativas oferecidas pelo caminho da cegueira. nesse “então” olhamos para um qualquer monitor e desejamos devolver o lixo absorvido em troca do tempo perdido… sem esperança e sem resposta.
apesar de tudo ainda sinto que caminho sobre mentiras, mas agora infinitamente mais doces, porque nelas estás tu.
a ti, meu pai...
PAS
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