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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
Queridos elos (Família, amigos, alguns conhecidos e certos desconhecidos),
Mais uma vez chega o momento em que a aura da época festiva se alia à índole de quem vos escreve, o sentimento não é exclusivamente natalício, há algumas mágoas, ora por razões pessoais, ora por motivos existenciais – ainda não acredito que o Steven Hawking afirmou que Deus não criou o Universo e as estrelas – mas deixemos as estrelas para os três indivíduos de capa e rumo a Jerusalém.
Como dizia a simbiose reforma-se e através de um gesto caligrafado apresta-se a acarinhar aqueles que sentem o Natal como despiste de todas as mágoas e o encontro com a fortuna dos que mais os querem; ou tão simplesmente para acicatar os ânimos agnósticos e “grinchianos” que reconhecem o Natal como veículo de consumismo, e anedotas sentimentalistas de todos os provincianos mentais.
A qualquer dos grupos deste parlamento desejo um dia feliz, com ou sem bolas decorativas, com ou sem presentes embrulhados de dobras perfeitas e laços esculpidos, com ou sem mesas de festa, bolos de chocolate, fatias douradas, mousses, frutos secos e sonhos... sonhos, com ou sem sonhos.
Pois deixem-me contar o que vejo no Natal.
Uma janela, salpicada de pontos brancos tão perfeitos que se assemelham a neve artificial, mas não, aquele quadro antagónico, de expressionismo minimal é de neve real. No seu interior sente-se o calor que quem espia não sente, uma mesa robusta e farta, composta pela comunhão do trabalho e dedicação de todos os que a rodeiam. Conversas e gargalhadas escondem ao tempo as ausências que o destino criou.
Não há crianças no espaço, apenas promessas de uma existência e desejos, muitos desejos. É verdade que o Natal não é o mesmo sem elas, mas creio ver na face de todos os meus cúmplices um olhar de infância, cunhado pela incerteza do desfecho e a expectativa desenhada no rosto pela descoberta do objecto a seu nome: ouro, incenso e mirra.
Pois deixem-me contar o que vejo no Natal. Vejo a luz que não sinto na maior parte do ano e sinto o alento com que a juventude me baptizou regressar com perspectivas de novos tempos e novas odes. Vejo esperança.
Antes de saudar, agradeço a todos os que este ano me proporcionaram um pensamento, a evocação de uma memória, um sentimento, uma ocasião, como dizia René Descartes: Cogito ergo sum, “penso, logo existo”; e vocês fizeram-me viva!
Feliz Natal e um excelso Ano Novo. Que a vossa austeridade seja no mínimo sempre assim (palavras de um sábio avô).
PAS
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