Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Lacrima

por PAS, em 27.09.13

caia uma lágrima
por cada dor sentida
nos braços de ninguém.
quebre-se um sorriso 
por cada mentira rasgada
do num diário de vintém.
que se verguem os braços
por cada arrepio roubado
pelos braços da inocência, 
e saia de mim a vontade,
paire por lado nenhum,
até encontrar a fórmula
que a vida me esqueceu.

caia uma lágrima
por cada choro contido
no deserto epidérmico,
e seque qual virgem fiel
no dissipar da primeira ruga
de peocupação obsoleta.
caia uma lágrima.
mas caia uma lágrima só.

 

PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)

Relações: O Fácil

por PAS, em 13.09.13

Tudo seria mais fácil, se o fácil fosse meu amante. 
Converso diariamante com ele, convenço-o de todos os meus predicados, tentativas vãs de esconder ao destino que é com a dificuldade que me deito todas as noites, apesar de sonhar com ele. 
A vida é chata nessas coisas.


PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)

Rubik

por PAS, em 13.09.13

Eu acredito que as pessoas e consequente postura na sociedade são semelhantes à forma como se olha para um Cubo de Rubik. 

Umas procuram, trabalham, torcem e o falhanço é o único resultado. Podem, eventualmente, chamar vitória a uma linha, quem sabe até a uma face, mas o mundo sabe que falharam e continuarão a falhar. 

Depois existem os conformados, aqueles cujo o tutti-frutti é sinal de suficiente, mexer num cubo é estúpido e que o sólido tem “mais piada” assim. Nessas situações a percepção é de que a vida é para ser uma caminhada pela estrada do desinteressante e o horizonte uma linha ao fundo da estrada. Quase podiam ser minimalistas, se o minimalismo não tivesse todo um conteúdo por trás de uma retórica, inexistente nestes “Tutti-frutti”.

Por fim, os Rubikianos, indivíduos que abraçam um projecto, uma conduta, e não se deixam vencer pela dificuldade, procurando com maior ou menor dificuldade o sucesso, construindo linha a linha, face a face as cores da sua vida. 

Claro que ainda existem aqueles que roubam cubos, destroem-nos pelo que representam, ou ao invés de se preocuparem com os seus cubos concentram-se em interferir em cubos alheios.

Depois de 189 palavras de analogias de século XX, concluo. Bem sei que existem pessoas – cruéis sinaléticas humanas – que avisam, com moderada frequência, que outras são apenas arraçadas da espécie. Eu limito-me a concordar, pelo menos pelos próximos dias, até a última estupidez humanada ter sido evacuada... literalmente.


PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Terceiro Andar

por PAS, em 13.09.13

Não sou uma pessoa de hábitos complicados, alguns deles caem inclusive na trivialidade, um sintoma que nunca forçou um incómodo em mim. Gosto de coisas simples, em contextos simples, com histórias simples. Como estar sentada, à mesa, numa cadeira de vime, parte de um conjunto de mobiliário exterior. Observar, ao longe, barcos acumularem-se no horizonte marcando posição a uma corrida nocturna à subsistência. Para companhia convido apenas a ténue luz de uma vela decadente, um copo de coca-cola borbulhante, que luta desenfreadamente contra agressão do gelo, e por fim o pensamento. 
Não vou mentir. Penso, penso muito, obcecadamente, por vezes, mas é a essência do meu estar, um padrão ímpar nos meus hábitos. A minha vida.

Enfim. Estava num dos meus momentos, a que o destino chamaria trivial, não fosse a ausência de um copo de Jack Daniel’s e um cinzeiro de cheio de cigarros mortos pela minha vontade inconsciente de morrer. A companhia era aquela que me fazia o hábito e o olhar estava prostrado na conversa agitada entre dois amantes. A distância era soberba, semelhante à de um atirador furtivo em inicio de carreira, mas era clara a intimidade. Havia entre os dois um ballet de agressividade apenas comum a quem já havia partilhado o leito. Um vulto moreno, de cabelos compridos, agitava a cabeça em sinal de inquietude, enquanto o par, robusto e penteado da moda, esbracejava e mudava o peso da sua estrutura de uma perna para a outra com demasiada frequência.
Não ouvia uma palavra, mas imaginava sons de ódio feitos palavras, numa pauta de inferno com um único destino. A cama.

“Não vales nada. És um síndrome de nada, de tão nada que és”
“Sua cabra! E tu? Tu és um case study para alguma coisa que se esqueceu de ser”

A conversa tinha tanto de profunda como de superficial, consoante a interpretação do momento, naquele instante decidi não desenvolver. Continuei a espiá-los, do terceiro andar oculto, até abandonarem a calçada da querela em marcha fingida, rumo ao mesmo destino. Fingi um “yes” com o braço direito e recostei-me na cadeira, apenas com o som do vime como prova de vida e imaginei como seria a vida sem estas lutas, constantes, em nome de algo tão subjetivo como o amor.

(To be continued)

PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.


Arquivo

  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2014
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2013
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2012
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2011
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2010
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2009
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2008
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2007
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2006
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D