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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
não me costumo demorar sobre assuntos “da crise”, até porque esta classificação universal de um conjunto de situações adversas soa-me simplista e de certa forma amorfa. certos indivíduos tendem a criar o falso espectro da psicologia, “a crise” é o que é porque se cultiva o sentimento… eu ouço isto com algum constrangimento, mas dotada pelo equilíbrio que a minha situação equilibrada me concede. no entanto, equaciono qual seria a reacção de todos aqueles a quem os empregos perecem, deixando despesas, educação, alimentação para sustentar. responderão, porventura alguns mais ousados, que o acto do despedimento será sempre uma constante da vida, e que hoje não é diferente de ontem e, da mesma forma, não será diferente amanhã… ao viver este realidade, arrepio-me, não pela brutalidade do acto mas pela associação que o acto evoca. a contemplação conivente da destruição de um sonho de outrora. esta imagem surge tão real quanto o observar de um qualquer transeunte, de braços quedos, ombros encolhidos e queixo encostado ao peito. ele é tudo hoje, o pai de família que olha para os filhos antes da única refeição que a realidade lhe permite oferecer, o director da empresa que vê frustrados todos os negócios que tinha em equação, que se vê incapaz de pagar salários, e por conseguinte, a estragar não só a sua vida mas também a de todos os que dela dependem; ele é o jovem cuja vida sonhada é tão-somente o último capítulo da inocência, ele é o medo e a insegurança… ele é hoje.
não me iludo com o parece que é, vejo a dificuldade e a inanição com a normalidade que o mundo português me ofereceu, acicatada pelo meu pedaço de sonho académico. e todas as vezes que observo paredes chorarem pela urbe em sofrimento, recordo a crise no pensamento… a crise já existe há muito, muito tempo.
PAS
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