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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
o Homem como animal social tem uma inclinação natural para se insinuar em grupos, mesmo que isso ás vezes signifique fazer sacrifícios nas relações estabelecidas. ora esta conexão nem sempre é bem sucedida e em determinadas situações afigura-se como a excepção que confirma a regra, estou a falar daquelas pessoas cujo feitio, a postura, ou a orgânica do relacionamento é impossível de suportar.
não sou uma pessoa abstraída de consciência, conformo-me com a ideia de que posso ser difícil e de ódio fácil para quem não suporta uma relação a três, sendo o sarcasmo o terceiro elemento… talvez por essa razão não me surpreende a antipatia por aqueles que são incapazes de compreender o valor da comédia sarcástica.
a relação conflituosa, ou relação inexistente, não é de todo despida de intenções meritórias, são raras as situações cujas tentativas morrem ao primeiro olhar, mas o indício de antipatia fica residente. neste particular a capacidade de sofrimento e controlo é indivisível do ser.
quantas vezes não somos confrontados com indivíduos soturnos, verdadeiros zombies da sociedade, onde por empatia genética tentamos converter à nossa vivência humana? ou indivíduos que intempestivamente revelam reacções agressivas durante um debate de ideias? ou cuja forma ideológica é tão hermética que são incapazes de ouvir o pensamento de outrem? ou alguém cuja formação moral não permite intuir uma piada, uma expressão, um olhar? há caminhos que inspiram a viagem e depois há os outros…
por vários motivos – incongruência, masoquismo, utopia – tento sempre vencer o óbvio, e visto o papel de conversor de estares. a esperança, aquela ideia comum entre todos os Homens, crentes e não crentes, conduz o âmago a um exercício de metamorfose comportamental, qual gesto de procura pelo momento em que a Carpa morde o anzol. a eficácia do acto é irrisória, mas por alguma razão, aquela esperança em mim não permite desistir ao primeiro revés e assim se multiplica o mal-estar, a insatisfação até ao momento do desespero e da ruptura.
não sei o que isto diz de mim, como também não sei o que isto diz da sociedade, das relações ou do Homem, mas sei o que o meu pai diria: não há nada como um indivíduo capaz de se rir de si mesmo!
PAS
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