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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
Querida Nação,
Estou estupefacta com o que se passa neste país. Não posso, de facto, garantir em momento algum ter tipo grande fé na capacidade dos nossos políticos – ou em quaisquer outros, diga-se – mas o que se passa actualmente é por demais escabroso e insultuoso para comprar como mais uma penosa governação.
Hoje observo uma manifestação quase hipnótica de vários agentes a defender a aprovação de um atentado ao direito à vida, seja pela subtracção dos bens que o sacrifício diário gera, ou pelo aumento do valor de outros bens que nos aconchegam... estamos entregues a uma doutrina que evoca a imperativa aprovação de um documento virtual, que todas as semanas vai cuspindo novas medidas de austeridade, nunca no sentido do corte de despesa, mas no aumento da receita à custa de quem legitimamente espera gozar os frutos do seu trabalho.
Observo uma sociedade tão traumatizada pelas feridas recentes de uma crise económica global, que se oferece para participar num show de sadomasoquismo preconizado por uma governação despida de consciência.
Como olvidar perto de 11% de população em idade laboral no desemprego e pedir que se suba IVA, que se cobre IRS indiscriminadamente, que se diminua a dedução fiscal, que se peça o estrangulamento autónomo de cada indivíduo? Famílias a tentarem sobreviver com o ordenado mínimo... Como? As crianças, como? E aqueles que vivem da boa vontade e da doação? E aqueles como eu, que querem sonhar, sonhar com uma família, com uma casa cheia, com uma vida cheia?
A apatia, a submissão conta-me a história de um qualquer síndrome de Estocolmo, como se as almas dos portugueses tivessem sido seduzidas pela miserabilidade e hoje já não conhecem outra realidade, ao ponto de a defenderem como inequívoca, necessária. Não é suposto sofrer-se para viver, não é suposto sobreviver-se.... É suposto tão só viver-se.
PAS
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