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Rubik

por PAS, em 13.09.13

Eu acredito que as pessoas e consequente postura na sociedade são semelhantes à forma como se olha para um Cubo de Rubik. 

Umas procuram, trabalham, torcem e o falhanço é o único resultado. Podem, eventualmente, chamar vitória a uma linha, quem sabe até a uma face, mas o mundo sabe que falharam e continuarão a falhar. 

Depois existem os conformados, aqueles cujo o tutti-frutti é sinal de suficiente, mexer num cubo é estúpido e que o sólido tem “mais piada” assim. Nessas situações a percepção é de que a vida é para ser uma caminhada pela estrada do desinteressante e o horizonte uma linha ao fundo da estrada. Quase podiam ser minimalistas, se o minimalismo não tivesse todo um conteúdo por trás de uma retórica, inexistente nestes “Tutti-frutti”.

Por fim, os Rubikianos, indivíduos que abraçam um projecto, uma conduta, e não se deixam vencer pela dificuldade, procurando com maior ou menor dificuldade o sucesso, construindo linha a linha, face a face as cores da sua vida. 

Claro que ainda existem aqueles que roubam cubos, destroem-nos pelo que representam, ou ao invés de se preocuparem com os seus cubos concentram-se em interferir em cubos alheios.

Depois de 189 palavras de analogias de século XX, concluo. Bem sei que existem pessoas – cruéis sinaléticas humanas – que avisam, com moderada frequência, que outras são apenas arraçadas da espécie. Eu limito-me a concordar, pelo menos pelos próximos dias, até a última estupidez humanada ter sido evacuada... literalmente.


PAS

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Volta Parola em Bicicleta

por PAS, em 29.08.13

27.Agosto.2013

 

Hoje armei-me, adoro esta expressão cheia de classe, em ciclista. Andei feita parola, de calção, "camisa em tê" - vá toca a falar português - e óculos de fino intelecto a palmilhar Lisboa da primeira à sétima colina. 
Conclusão a retirar do sacrifício: Nenhuma de jeito. A pança continua no mesmo sitio, a minha cara assemelha-se a um pimento vermelho redondo gigante, onde as sementes se inverteram e resolveram pautar o pimento, num claro manifesto ás sardas irrascíveis. Outra não conclusão é de que a bicicleta, como objecto, é absolutamente idiota, devia ter um mecanismo que permitisse um modo cool, para quem, como eu se cansa da futilidade do pedalar, para além de que continuo a não conseguir replicar o aspecto madaleno, benedito e diáfano, daquelas meninas que fazem da bicicleta um parceiro de ballet na estrada, e cujas pedaladas são gestos de uma coreografia que só os benquistos alcançam. Pois merda para elas. Eu pareço uma parola.


PAS

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Se um dia...

por PAS, em 18.02.11

Se um dia... nesse dia que te deixares encantar,

Oh virgem pálida que pousas no balastro de via,

Canta uma história ao vento, um sopro de cotovia,

Para que o encanto, pelo vento, se permita evocar

Memórias da tua presença, pela orla que te cingia.

 

Se um dia... nesse dia ousares sentir o seu toque

Que não te assole o passado, tenta sorrir à sorte.

Abraça o tempo, sobejo, esquece o sul e o norte.

Quiçá pelo gesto, nesses pequenos lábios se enfoque

O sentido da vida, libido dos sonhos, nobre porte.

 

Se um dia... nesse dia que ofereceres teu pranto

Qual gesto cúmplice e devoto, oh virgem fingida,

Olvida dos sonhos o encanto, encontra-te perdida.

No cunho dessa vontade maldita cair-te-á o manto,

Soçobrando o frio gélido da verdade. Estarás despida.

 

Se um dia... nesse dia

Que o triste fado não te encontre.

 

PAS

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Vazio Criativo

por PAS, em 21.08.09

o vazio criativo é uma penitência difícil de suprir. para quem está a habituado a romantizar tudo o que vê, tudo o que cheira, tudo o que toca e ouve, torna-se quase obsoleto viver. o mundo toma a forma vulgar de um qualquer desenho técnico por renderizar, sem arte ou qualquer manifestação apreciativa.
percorro, de momento, o meu próprio deserto, sem vislumbrar um sinal que me indique novo destino. limito-me a seguir as raízes de vazio que o tempo seco de ideias criou no solo da minha existência. a aridez da minha mente nem a sede de criar provoca no meu âmago. estou prostrada a uma não-existência.
é uma penitência difícil de suprir, viver sem a poesia da criação, tudo se apresenta cinzento, neutro, consternado, condicionado… uma tela sem a explosão de sentidos que o momento divino da arte promete. observo, abnegada, à manifestação de outras mentes e sinto-me vulgar.
olho para os meus dedos, continuam iguais, com as mesmas imperfeições, o mesmo tacto, questiono se também eles sentem, de forma autónoma, a falta do bater inesperado mas tão coerente no teclado, ou da fluidez intimista da caneta entre os dedos numa dança de sedução; do pincel hirto sobre uma parcela branca de mundo por criar.
hoje sinto-me perdida de tacto… um vulto entre tantas outras sombras que percorrem a estrada da rotina, e pergunto-me, “estarei morta ou apenas adormecida?”

 

PAS

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Pathos

por PAS, em 13.05.09

“nada a declarar” é o meu estado actual, não consigo intuir um momento, um gesto, uma palavra que me leve a pegar na caneta e escrever apaixonadamente. talvez esta seja a verdadeira razão pela qual aceito a mediocridade tão bem, seria impossível imaginar um mundo de expectativas exógeno ao meu assíncopado ego. não há nada mais fácil que viver sem o peso da expectativa. um dia disseram: desiludiste-me! qual faca espetada no peito ainda hoje sinto uma farpa de metal abraçada a mim… não pela origem da palavra mas pela conivência. A crua assunção de que sou uma ténue imagem do individuo que um deus qualquer projectou.
“Nada a declarar”. Sou eu… na mediocridade.

 

PAS

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Ala do Ser

por PAS, em 24.06.07

viajei recentemente pelo corredor da doença, inúmeras luzes brancas iluminavam um caminho gasto pela presença constante. estranhos conduziam-me sem o frenesim dos "ERs" americanos, mas com uma calma inquietante, reflexa de um estar anestésico consequente da repetição.
os corredores sucediam-se, portas abriam-se e fechavam-se, pessoas acumulavam-se na sucessão de acções realizadas... experimentei o estar ébrio antes da injecção repousante. era tudo tão estranho.
estagnei junto a uma parede, quase abandonada... aqueles que eu determinara responsáveis por mim, conversavam descomplexadamente o mundano, sem indiciarem sentir a minha presença, pensei se sentiriam o mesmo pela minha maleita, mais uma de muitas... um número, nada mais.
por fim abandonei a minha parede branca, esperava por mim um leito metálico, impessoal... pensei como era estranho tantas pessoas passarem por ele sem macularem aquele objecto com a sua presença.
colocaram-me de costas, dois grandes óculos luminosos apontaram para mim, pessoas à minha volta abordavam-me sem que eu as entendesse... eu acenei sem compreender, acenei à vida, acenei até a clareza fugir e a escuridão se apossar de mim...

PAS

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Panaceias

por PAS, em 10.06.06

é enquanto prostrados numa cama, que sentimos o peso da energia que reside em nós... quando ela se esvai, qual amor desenamorado, e uma dor profunda enterra-se nos nossos pontos chacras e contorcemo-nos, arrepiamo-nos, sentimo-nos ensandecer.
tomamos a panaceia, a esperança, por momentos pouco lúcidos, reside naquele pequeno volume geométrico, de atributos anónimos ao nosso padecimento, e quando a dor se ausenta e a convalescença se apronta, amamos a panaceia como um deus, que nos perdoou os pecados que não recordamos.
viramos fãs, gritamos no meio da multidão o seu nome, exibimos cartazes de apoio e juramos que reside ali a salvação, "pois nós fomos salvos" dizemos com convicção.
- assim reside a fé do povo, seja ele ecléctico, divino, elitista, pobre ou média-classe - quem sabe média gama! - basta uma panaceia, uma palavra, um credo, para que as mentes hipnóticas que "sensivelmente" tratamos se quedam por um conto de fadas, que a existir reside apenas nas mentes de quem veste a pele das personagens.

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