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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
14.Agosto.2013
... de repente fiz-me senhora do teu pensamento e sobre a amurada de colchas e lençóis conquistei o meu espaço, bem próximo do teu, onde apenas um suspiro sobrevivia e um batimento de coração cantava. Era noite e eramos só nós dois.
PAS
TESTEMUNHO
20.Maio.2013
Este será o meu último testemunho sobre o Benfica, esta temporada, bem sei que a temporada só termina no próximo domingo mas para mim, e existe um enorme duelo entre neurónios Pros e Cons, pode até nunca ter começado vistas bem as coisas.
Sou uma pessoa de hábitos simples, tenho pequenos prazeres dos quais não abdico e um deles é de sofrer abnegadamente pelo Benfica. Quem me conhece sabe que a doutrina pela qual professo a minha abnegação é tão genuína quanto ingénua. Enfim, amores têm muito pouco de razão quando são verdadeiros.
A origem deste meu entusiasmo, conquistado sobre o desgosto profundo do meu pai, esteve numa influência, sem paralelo, do meu avô materno, benfiquista apaixonado, habitué nas vitórias e conquistas e hoje um sofredor silencioso que perdura no tempo, qual obstáculo à intempérie, caminhando lado a lado com a esperança de ver o Glorioso regressar à glória. Não esqueço também os Verões de injecção benfiquista, com os meus primos Albuquerques, acérrimos discípulos da águia e também eles habituados a cultivar no âmago de qualquer um o desígnio benfiquista, é também a eles que devo este amor irracional.
A razão pela qual eu resolvi deslizar a pena tecnológica é só uma: O expressar do orgulho. Há vitórias que se conquistam com suor, arte e por vezes lágrimas, aquelas vitórias que caem sobre os pontos acumulados de uma temporada e que premeiam a regularidade, e depois existem as outras. As outras perguntam? Sim, as outras. Vitórias que uns gracejarão como “morais”, outros como “ausentes de exigência” e por fim os que na incompreensão tratarão simplesmente de as rejeitar.
Falo na vitória do sonho, coisas que certos clubes não compreendem e jamais compreenderão. Uns porque se habituaram a comprar as vitórias e hoje a celebração das mesmas são tão desconchavadas quanto insossas, e outros porque o sonho é hoje um pesadelo imerso em várias épocas de insónia sem fim à vista.
E o que é a vitória do sonho? Para os puristas, como eu, é a vitória do futebol, da beleza do jogo enquanto pratica colectiva, com capacidades mágicas de nos fazerem criar uma lágrima no canto do olho e pensar em arte.
Claro que vozes erguer-se-ão a reclamar títulos, resultados, mas a matemática para mim nunca teve grande poesia, é infinitamente mais belo ver o sonho a ser criado que limitar-mo-nos a aceitar a sua realização. E o Benfica é sonho.
Por tudo isto agradeço a quem desenhou este fado na minha vida, é sem sombra de dúvidas o mais incongruente de todos, mas também a prova de que a incongruência pode e deve ser fonte de prazer.
PAS
Queridos elos (Família, amigos, alguns conhecidos e certos desconhecidos),
Mais uma vez chega o momento em que a aura da época festiva se alia à índole de quem vos escreve, o sentimento não é exclusivamente natalício, há algumas mágoas, ora por razões pessoais, ora por motivos existenciais – ainda não acredito que o Steven Hawking afirmou que Deus não criou o Universo e as estrelas – mas deixemos as estrelas para os três indivíduos de capa e rumo a Jerusalém.
Como dizia a simbiose reforma-se e através de um gesto caligrafado apresta-se a acarinhar aqueles que sentem o Natal como despiste de todas as mágoas e o encontro com a fortuna dos que mais os querem; ou tão simplesmente para acicatar os ânimos agnósticos e “grinchianos” que reconhecem o Natal como veículo de consumismo, e anedotas sentimentalistas de todos os provincianos mentais.
A qualquer dos grupos deste parlamento desejo um dia feliz, com ou sem bolas decorativas, com ou sem presentes embrulhados de dobras perfeitas e laços esculpidos, com ou sem mesas de festa, bolos de chocolate, fatias douradas, mousses, frutos secos e sonhos... sonhos, com ou sem sonhos.
Pois deixem-me contar o que vejo no Natal.
Uma janela, salpicada de pontos brancos tão perfeitos que se assemelham a neve artificial, mas não, aquele quadro antagónico, de expressionismo minimal é de neve real. No seu interior sente-se o calor que quem espia não sente, uma mesa robusta e farta, composta pela comunhão do trabalho e dedicação de todos os que a rodeiam. Conversas e gargalhadas escondem ao tempo as ausências que o destino criou.
Não há crianças no espaço, apenas promessas de uma existência e desejos, muitos desejos. É verdade que o Natal não é o mesmo sem elas, mas creio ver na face de todos os meus cúmplices um olhar de infância, cunhado pela incerteza do desfecho e a expectativa desenhada no rosto pela descoberta do objecto a seu nome: ouro, incenso e mirra.
Pois deixem-me contar o que vejo no Natal. Vejo a luz que não sinto na maior parte do ano e sinto o alento com que a juventude me baptizou regressar com perspectivas de novos tempos e novas odes. Vejo esperança.
Antes de saudar, agradeço a todos os que este ano me proporcionaram um pensamento, a evocação de uma memória, um sentimento, uma ocasião, como dizia René Descartes: Cogito ergo sum, “penso, logo existo”; e vocês fizeram-me viva!
Feliz Natal e um excelso Ano Novo. Que a vossa austeridade seja no mínimo sempre assim (palavras de um sábio avô).
PAS
(por razões que eu própria não reconheço vou hoje - quiçá amanhã também – abandonar o minimalismo caligráfico, já que me andam a chatear estas frases sem indícios de começo.)
Não é sem a angústia de um primeiro amor que se relê uma história, ainda que mascarada pelos sorrisos que a puerilidade do acto faz por entranhar. Estes momentos, tão ímpares, são ainda de maior valor quando se encontra no intervalo de tempo lacunas de épocas – gerações até – quando assim é lembra o espírito a própria juventude e não apenas a da leitura. Há quem tenha no acto da literatura um prazer ocioso, outros um manifestar supremo... assumido apenas pela arte de quem lê, mas raramente associado aos que praticam a releitura, pois não fosse eu tão grande fã da ciência, de facto, esclareço que me revejo infinitamente mais na arte de reler que na de ler... e se gosto eu desse pecado, aquele desfolhar virginal, o primeiro contacto com as imaculadas, diáfanas páginas brancas ritmadas somente pelo titubear maquinal de letras impressas ao sabor da mente do artista. Mas nada se compara ao reviver de paixões e relembrar sentimentos, sonhos que a história quis que ficassem anexas àqueles contos de prazer, sensibilização ou tristeza. Acercam-me à mente as joviais descrições de Júlio Dinis, o qual tive prazer de reconhecer pela enésima vez há dias, a maratona histórica de Leon Uris, que ainda hoje me altera o ânimo... a arte de escrita de Gabriel Garcia Marquez onde apenas cem anos de solidão poderiam acalentar o mais ambicioso dos aspirantes a romancista, e por ai podia eu cansar-me não fossem muitas as viagens que a literatura me concedesse.
Todo este inflamar da alma e tão só por um motivo, a maravilhosa consciência de que não só a ciência dos microscópios e dos teoremas matemáticos pode auspiciar conceder ao homem conhecimentos de outra índole, de outra dimensão, pois o mais leigo dos homens, o mais pobre dos seres, a mais triste das existências pode encontrar num folhear outro mundo, outra realidade, outra vontade. E no refolhar reencontrar esses sentimentos, esses estares.
Tenho com isto a dizer que não existe maior encanto que encostar as inquietações, pegar naquele exemplar macilento e degradado e passar a vista pelo tempo. Que um deus qualquer abençoe quem de direito.
PAS
são tuas as carícias do vento.
é tua a face que a chuva desenha.
na tua ausência tudo se estranha,
sou a herança do teu talento
e sem ti não concebo um mundo.
aguardo o teu regresso, sem sucesso.
levaram-te a voz, o gesto, a presença.
sobrou, tão só, sombras da vida imensa
que contaste entre caminhos de excesso.
pai... sem ti não concebo um mundo.
gostava de dizer que perdoo...
mas a angústia sufoca-me o sentimento.
tantas promessas... resta-me o mundo,
sem ti.
PAS
uma vez escrevi, ao meu pai, que a realidade cada vez mais se confunde com a utopia que a famosa caixa mágica vende. que por vezes tentamos medir o nosso sofrimento pelo sofrimento alheio, pior, falso, e esperamos que os episódios dedicados a um drama particular se desenrolem na expectativa, equivocada, de que tudo termine com uma reunião feliz, com a união harmónica dos elementos do universo, uma divina mão de Deus… no entanto, mais insano é o retratar casual da morte. é tudo tão poético, tão certo, como se a natureza estivesse apenas a recolher um bem emprestado… todos aquiescem à partida, sem remorsos de nunca mais ver um regresso, sem a dor do vazio criado pela eterna ausência daquela voz, no fim, como uma linha de texto que termina com um ponto final precedendo novo parágrafo.
há muito que a ficção não conta, como o sufoco que fica residente a cada memória que irrompe sem hora, sem minuto marcado. a incredibilidade… ouvir aquela voz perecida extravasar a realidade e exibir a vida que antes cantou. o som da música que baptizou viagens, que casou momentos… é o escorrer de uma lágrima por cada insignificância.
à sombra das artes dramáticas devia condescender, aceitar e agradecer… mas não. no fundo é como um longo caminho para casa, sem paisagem ou som, sem culpas para entregar, sem fantasmas para expulsar… só!, com o conhecimento prévio de que aquele por quem esperamos não estará no destino para nos receber.
“I hear only what i want to hear
But I have to believe in something…”
In Paris, Soapbox Opera by Supertramp
PAS
caminhamos cegos sobre mentiras. mentiras oferecidas por pequenas janelas tecnológicas que nos parecem conhecer melhor que nós próprios. exploram a infelicidade residente no lugar mais recôndito do ser, e revelam no espelho irreal do vidro de imagens, o reflexo de um âmago corrompido, sem sintomas de verdade ou bom senso.
caminhamos sobre mentiras, à procura de uma promessa que nunca pedimos, à espera de ver regressar a inocência que vendemos numa picada qualquer, de um lugarejo qualquer do tempo. Inibimos a intuição para acreditarmos que a vida é de sentido único… até aqueles pedaços de vida que nos identificam começarem a perecer. nesse “então”, acontece uma dor tão irreal quanto a percepção das alternativas oferecidas pelo caminho da cegueira. nesse “então” olhamos para um qualquer monitor e desejamos devolver o lixo absorvido em troca do tempo perdido… sem esperança e sem resposta.
apesar de tudo ainda sinto que caminho sobre mentiras, mas agora infinitamente mais doces, porque nelas estás tu.
a ti, meu pai...
PAS
para quem aprecia o olhar na 3ª pessoa de eventos sociais extraordinários como o (tcham-tcham-tcham-tcahm!) Dia dos Namorados - dia tão sagrado que envolve um santo e ainda está por justificar a ausência de feriado! - recomendo um par de olhos sobre as "palavras que nunca te direi" - especial dia dos namorados, no prestigiado jornal Metro, com a participação de uma assembleia de seriedade!... matem a curiosidade aqui.
em contra mão, sugiro a todos os abnegados senhores e senhoras... sofredores pela causa da procura do santo par, que este fim-de-semana sentiram uma vez mais a vida nos meandros da depressão e lograram conhecer o prazer etéreo do consumismo, recomendo uma passagem por aqui... acreditem há sempre alguém pior que nós!
PAS
observo pela janela do meu quarto um sonho, criado entre reflexos e efeitos de luz criados pela aurora, no horizonte está uma ponte, o último portal do rio antes de acabar a jornada no oceano. a foz está pintada em tons de laranja e rosa, qual quadro de Monet. pela primeira vez observo o meu rosto entre o coito de reflexos e luz, a imagem que me chega é a de uma criança de 12 anos, de franja e cabelo cortado a direito, um rosto pintado com a inocência da idade, sublinhada pelo olhar sonhador dos verdes anos. os lábios, de um vermelho apenas possível por contraponto à tez dramaticamente branca, cantam palavras arrepiantemente familiares... clamam estas, um canto a infindáveis viagens entre Miramar e a cidade do Porto: here comes Oporto, hello Arrábida Bridge, good morning Campo Alegre, i'm comin' in.
o rosto afasta-se da janela, como que se apercebendo da solidão residente na sala, nela moram apenas sombras projectadas pelo surreal pôr-do-sol sobre meia dúzia de cadeiras. a voz de José Rodrigues dos Santos escarnece o silêncio quase poético, com mais um telejornal das oito, a criança, aquela imagem de mim na bênção da ignorância dança agora com os olhos pela sala à procura de algo que nunca encontrará... companhia.
com a clareza de um qualquer fenómeno natural, os olhos param de dançar pela divisão e estreitam-se novamente no horizonte, o sol já mal revela a sua forma. a pequena figura de mulher eleva-se da cadeira e faz dela um par, o resultado daquele gesto quase maquinal é um pequeno leito, sobre ele e ao ritmo dos últimos minutos de luz, os olhos da inocência fecham-se, com a imagem da silhueta da senhora da Arrábida, a ponte dos sonhos.
fecho os olhos e sinto-os húmidos, um vestígio desse sentimento escorre pela cútis, na janela do meu quarto já só está o meu reflexo e a saudade de ser criança, de ser inocente.
nasce um dia, morre um sonho.
PAS
pediram-te para crescer, tu anuíste com displicência, pensavas que o acto era natural e como qualquer momento da tua breve vida ele viria ter contigo. esperaste - e sem saberes ainda esperas - que a tua empresa se realizasse, até que na ausência de um sinal aquele que tinhas por "teu" mundo, hermético, impenetrável, começou a cobrar-te a promessa... a tua mente, ou o orgulho disfarçado, dizia-te que crescer era absurdo, porquê crescer se crescida já o eras?...a ambivalência entre a realidade e o pensamento acentuou-se, ao ponto de conflito.
agora andas perdida. tudo o que pensavas saber afinal não era e choras-te pela falta de rumo que pauta a tua vida... é desesperante.
tentas encontrar algo que te identifique naqueles que te rodeiam, aqueles que pela ordem da vida reconhecem o teu ser, pela convivência, pelo amor... aqueles que te chamam pelo nome próprio. mas deveras perguntas-te quem são, o que sabem, o que QUEREM?
ao invés cresce em ti a solidão, observas o nada com nostalgia, falta a ignorância, sabes? ela era a redoma que te protegia da verdade, da consciência, da responsabilidade... enfim do mundo.
continuam à espera que cresças, mesmo sob a ignorância da tua presença e do teu conflituoso relacionamento com o alter-ego. já não és a mesma pessoa, não és o mesmo discurso, não és a mesma pose, o mesmo carinho... sentem a tua perdição com a dor do aviso, ignoram a tua solidão pela omissão dramática que o teu corpo evoca, mas querem-te... como querem que cresças.
cresce criança... cresce e regressa ao teu sito.
to B.
PAS
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