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Sem Querer

por PAS, em 29.08.13

14.Agosto.2013


... de repente fiz-me senhora do teu pensamento e sobre a amurada de colchas e lençóis conquistei o meu espaço, bem próximo do teu, onde apenas um suspiro sobrevivia e um batimento de coração cantava. Era noite e eramos só nós dois.


PAS

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Esse Ele Bê

por PAS, em 29.08.13

TESTEMUNHO

20.Maio.2013


Este será o meu último testemunho sobre o Benfica, esta temporada, bem sei que a temporada só termina no próximo domingo mas para mim, e existe um enorme duelo entre neurónios Pros e Cons, pode até nunca ter começado vistas bem as coisas.

Sou uma pessoa de hábitos simples, tenho pequenos prazeres dos quais não abdico e um deles é de sofrer abnegadamente pelo Benfica. Quem me conhece sabe que a doutrina pela qual professo a minha abnegação é tão genuína quanto ingénua. Enfim, amores têm muito pouco de razão quando são verdadeiros. 

A origem deste meu entusiasmo, conquistado sobre o desgosto profundo do meu pai, esteve numa influência, sem paralelo, do meu avô materno, benfiquista apaixonado, habitué nas vitórias e conquistas e hoje um sofredor silencioso que perdura no tempo, qual obstáculo à intempérie, caminhando lado a lado com a esperança de ver o Glorioso regressar à glória. Não esqueço também os Verões de injecção benfiquista, com os meus primos Albuquerques, acérrimos discípulos da águia e também eles habituados a cultivar no âmago de qualquer um o desígnio benfiquista, é também a eles que devo este amor irracional.

A razão pela qual eu resolvi deslizar a pena tecnológica é só uma: O expressar do orgulho. Há vitórias que se conquistam com suor, arte e por vezes lágrimas, aquelas vitórias que caem sobre os pontos acumulados de uma temporada e que premeiam a regularidade, e depois existem as outras. As outras perguntam? Sim, as outras. Vitórias que uns gracejarão como “morais”, outros como “ausentes de exigência” e por fim os que na incompreensão tratarão simplesmente de as rejeitar.
Falo na vitória do sonho, coisas que certos clubes não compreendem e jamais compreenderão. Uns porque se habituaram a comprar as vitórias e hoje a celebração das mesmas são tão desconchavadas quanto insossas, e outros porque o sonho é hoje um pesadelo imerso em várias épocas de insónia sem fim à vista. 
E o que é a vitória do sonho? Para os puristas, como eu, é a vitória do futebol, da beleza do jogo enquanto pratica colectiva, com capacidades mágicas de nos fazerem criar uma lágrima no canto do olho e pensar em arte. 

Claro que vozes erguer-se-ão a reclamar títulos, resultados, mas a matemática para mim nunca teve grande poesia, é infinitamente mais belo ver o sonho a ser criado que limitar-mo-nos a aceitar a sua realização. E o Benfica é sonho.

Por tudo isto agradeço a quem desenhou este fado na minha vida, é sem sombra de dúvidas o mais incongruente de todos, mas também a prova de que a incongruência pode e deve ser fonte de prazer. 


PAS

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Christmas Carol

por PAS, em 22.12.10

 

 

 

 

 

Queridos elos (Família, amigos, alguns conhecidos e certos desconhecidos),

 

 

Mais uma vez chega o momento em que a aura da época festiva se alia à índole de quem vos escreve, o sentimento não é exclusivamente natalício, há algumas mágoas, ora por razões pessoais, ora por motivos existenciais – ainda não acredito que o Steven Hawking afirmou que Deus não criou o Universo e as estrelas – mas deixemos as estrelas para os três indivíduos de capa e rumo a Jerusalém.

Como dizia a simbiose reforma-se e através de um gesto caligrafado apresta-se a acarinhar aqueles que sentem o Natal como despiste de todas as mágoas e o encontro com a fortuna dos que mais os querem; ou tão simplesmente para acicatar os ânimos agnósticos e “grinchianos” que reconhecem o Natal como veículo de consumismo, e anedotas sentimentalistas de todos os provincianos mentais.

A qualquer dos grupos deste parlamento desejo um dia feliz, com ou sem bolas decorativas, com ou sem presentes embrulhados de dobras perfeitas e laços esculpidos, com ou sem mesas de festa, bolos de chocolate, fatias douradas, mousses, frutos secos e sonhos... sonhos, com ou sem sonhos.

 

Pois deixem-me contar o que vejo no Natal.

Uma janela, salpicada de pontos brancos tão perfeitos que se assemelham a neve artificial, mas não, aquele quadro antagónico, de expressionismo minimal é de neve real. No seu interior sente-se o calor que quem espia não sente, uma mesa robusta e farta, composta pela comunhão do trabalho e dedicação de todos os que a rodeiam. Conversas e gargalhadas escondem ao tempo as ausências que o destino criou.

Não há crianças no espaço, apenas promessas de uma existência e desejos, muitos desejos. É verdade que o Natal não é o mesmo sem elas, mas creio ver na face de todos os meus cúmplices um olhar de infância, cunhado pela incerteza do desfecho e a expectativa desenhada no rosto pela descoberta do objecto a seu nome: ouro, incenso e mirra.

Pois deixem-me contar o que vejo no Natal. Vejo a luz que não sinto na maior parte do ano e sinto o alento com que a juventude me baptizou regressar com perspectivas de novos tempos e novas odes. Vejo esperança.

 

Antes de saudar, agradeço a todos os que este ano me proporcionaram um pensamento, a evocação de uma memória, um sentimento, uma ocasião, como dizia René Descartes: Cogito ergo sum, “penso, logo existo”; e vocês fizeram-me viva!

 

Feliz Natal e um excelso Ano Novo. Que a vossa austeridade seja no mínimo sempre assim (palavras de um sábio avô).

 

PAS

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ReLer

por PAS, em 25.11.09

(por razões que eu própria não reconheço vou hoje - quiçá amanhã também – abandonar o minimalismo caligráfico, já que me andam a chatear estas frases sem indícios de começo.)

 

Não é sem a angústia de um primeiro amor que se relê uma história, ainda que mascarada pelos sorrisos que a puerilidade do acto faz por entranhar. Estes momentos, tão ímpares, são ainda de maior valor quando se encontra no intervalo de tempo lacunas de épocas – gerações até – quando assim é lembra o espírito a própria juventude e não apenas a da leitura. Há quem tenha no acto da literatura um prazer ocioso, outros um manifestar supremo... assumido apenas pela arte de quem lê, mas raramente associado aos que praticam a releitura, pois não fosse eu tão grande fã da ciência, de facto, esclareço que me revejo infinitamente mais na arte de reler que na de ler... e se gosto eu desse pecado, aquele desfolhar virginal, o primeiro contacto com as imaculadas, diáfanas páginas brancas ritmadas somente pelo titubear maquinal de letras impressas ao sabor da mente do artista. Mas nada se compara ao reviver de paixões e relembrar sentimentos, sonhos que a história quis que ficassem anexas àqueles contos de prazer, sensibilização ou tristeza. Acercam-me à mente as joviais descrições de Júlio Dinis, o qual tive prazer de reconhecer pela enésima vez há dias, a maratona histórica de Leon Uris, que ainda hoje me altera o ânimo... a arte de escrita de Gabriel Garcia Marquez onde apenas cem anos de solidão poderiam acalentar o mais ambicioso dos aspirantes a romancista, e por ai podia eu cansar-me não fossem muitas as viagens que a literatura me concedesse.

 

Todo este inflamar da alma e tão só por um motivo, a maravilhosa consciência de que não só a ciência dos microscópios e dos teoremas matemáticos pode auspiciar conceder ao homem conhecimentos de outra índole, de outra dimensão, pois o mais leigo dos homens, o mais pobre dos seres, a mais triste das existências pode encontrar num folhear outro mundo, outra realidade, outra vontade. E no refolhar reencontrar esses sentimentos, esses estares.

Tenho com isto a dizer que não existe maior encanto que encostar as inquietações, pegar naquele exemplar macilento e degradado e passar a vista pelo tempo. Que um deus qualquer abençoe quem de direito.

 

PAS

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Sem ti

por PAS, em 27.04.09

são tuas as carícias do vento.
é tua a face que a chuva desenha.
na tua ausência tudo se estranha,
sou a herança do teu talento
e sem ti não concebo um mundo.

 

aguardo o teu regresso, sem sucesso.
levaram-te a voz, o gesto, a presença.
sobrou, tão só, sombras da vida imensa
que contaste entre caminhos de excesso.
pai... sem ti não concebo um mundo.

 

gostava de dizer que perdoo...
mas a angústia sufoca-me o sentimento.
tantas promessas... resta-me o mundo, 
sem ti.

 

PAS

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Soapbox Opereta

por PAS, em 14.04.09

uma vez escrevi, ao meu pai, que a realidade cada vez mais se confunde com a utopia que a famosa caixa mágica vende. que por vezes tentamos medir o nosso sofrimento pelo sofrimento alheio, pior, falso, e esperamos que os episódios dedicados a um drama particular se desenrolem na expectativa, equivocada, de que tudo termine com uma reunião feliz, com a união harmónica dos elementos do universo, uma divina mão de Deus… no entanto, mais insano é o retratar casual da morte. é tudo tão poético, tão certo, como se a natureza estivesse apenas a recolher um bem emprestado… todos aquiescem à partida, sem remorsos de nunca mais ver um regresso, sem a dor do vazio criado pela eterna ausência daquela voz, no fim, como uma linha de texto que termina com um ponto final precedendo novo parágrafo.
há muito que a ficção não conta, como o sufoco que fica residente a cada memória que irrompe sem hora, sem minuto marcado. a incredibilidade… ouvir aquela voz perecida extravasar a realidade e exibir a vida que antes cantou. o som da música que baptizou viagens, que casou momentos… é o escorrer de uma lágrima por cada insignificância.
à sombra das artes dramáticas devia condescender, aceitar e agradecer… mas não. no fundo é como um longo caminho para casa, sem paisagem ou som, sem culpas para entregar, sem fantasmas para expulsar… só!, com o conhecimento prévio de que aquele por quem esperamos não estará no destino para nos receber.

 

 

“I hear only what i want to hear
But I have to believe in something…”

In Paris, Soapbox Opera by Supertramp

 

PAS

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Um fim I

por PAS, em 08.04.09

caminhamos cegos sobre mentiras. mentiras oferecidas por pequenas janelas tecnológicas que nos parecem conhecer melhor que nós próprios. exploram a infelicidade residente no lugar mais recôndito do ser, e revelam no espelho irreal do vidro de imagens, o reflexo de um âmago corrompido, sem sintomas de verdade ou bom senso.
caminhamos sobre mentiras, à procura de uma promessa que nunca pedimos, à espera de ver regressar a inocência que vendemos numa picada qualquer, de um lugarejo qualquer do tempo. Inibimos a intuição para acreditarmos que a vida é de sentido único… até aqueles pedaços de vida que nos identificam começarem a perecer. nesse “então”, acontece uma dor tão irreal quanto a percepção das alternativas oferecidas pelo caminho da cegueira. nesse “então” olhamos para um qualquer monitor e desejamos devolver o lixo absorvido em troca do tempo perdido… sem esperança e sem resposta.

 

apesar de tudo ainda sinto que caminho sobre mentiras, mas agora infinitamente mais doces, porque nelas estás tu.

 

a ti, meu pai...

 

PAS

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e-Love

por PAS, em 16.02.09

para quem aprecia o olhar na 3ª pessoa de eventos sociais extraordinários como o (tcham-tcham-tcham-tcahm!) Dia dos Namorados - dia tão sagrado que envolve um santo e ainda está por justificar a ausência de feriado! - recomendo um par de olhos sobre as "palavras que nunca te direi" - especial dia dos namorados, no prestigiado jornal Metro, com a participação de uma assembleia de seriedade!... matem a curiosidade aqui.

 

em contra mão, sugiro a todos os abnegados senhores e senhoras... sofredores pela causa da procura do santo par, que este fim-de-semana sentiram uma vez mais a vida nos meandros da depressão e lograram conhecer o prazer etéreo do consumismo, recomendo uma passagem por aqui... acreditem há sempre alguém pior que nós!

 

PAS

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Memoirs

por PAS, em 21.04.08

observo pela janela do meu quarto um sonho, criado entre reflexos e efeitos de luz criados pela aurora, no horizonte está uma ponte, o último portal do rio antes de acabar a jornada no oceano. a foz está pintada em tons de laranja e rosa, qual quadro de Monet. pela primeira vez observo o meu rosto entre o coito de reflexos e luz, a imagem que me chega é a de uma criança de 12 anos, de franja e cabelo cortado a direito, um rosto pintado com a inocência da idade, sublinhada pelo olhar sonhador dos verdes anos. os lábios, de um vermelho apenas possível por contraponto à tez dramaticamente branca, cantam palavras arrepiantemente familiares... clamam estas, um canto a infindáveis viagens entre Miramar e a cidade do Porto: here comes Oporto, hello Arrábida Bridge, good morning Campo Alegre, i'm comin' in.
o rosto afasta-se da janela, como que se apercebendo da solidão residente na sala, nela moram apenas sombras projectadas pelo surreal pôr-do-sol sobre meia dúzia de cadeiras. a voz de José Rodrigues dos Santos escarnece o silêncio quase poético, com mais um telejornal das oito, a criança, aquela imagem de mim na bênção da ignorância dança agora com os olhos pela sala à procura de algo que nunca encontrará... companhia.

com a clareza de um qualquer fenómeno natural, os olhos param de dançar pela divisão e estreitam-se novamente no horizonte, o sol já mal revela a sua forma. a pequena figura de mulher eleva-se da cadeira e faz dela um par, o resultado daquele gesto quase maquinal é um pequeno leito, sobre ele e ao ritmo dos últimos minutos de luz, os olhos da inocência fecham-se, com a imagem da silhueta da senhora da Arrábida, a ponte dos sonhos.
fecho os olhos e sinto-os húmidos, um vestígio desse sentimento escorre pela cútis, na janela do meu quarto já só está o meu reflexo e a saudade de ser criança, de ser inocente.
nasce um dia, morre um sonho.

PAS

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Crescer

por PAS, em 28.02.08

pediram-te para crescer, tu anuíste com displicência, pensavas que o acto era natural e como qualquer momento da tua breve vida ele viria ter contigo. esperaste - e sem saberes ainda esperas - que a tua empresa se realizasse, até que na ausência de um sinal aquele que tinhas por "teu" mundo, hermético, impenetrável, começou a cobrar-te a promessa... a tua mente, ou o orgulho disfarçado, dizia-te que crescer era absurdo, porquê crescer se crescida já o eras?...a ambivalência entre a realidade e o pensamento acentuou-se, ao ponto de conflito.
agora andas perdida. tudo o que pensavas saber afinal não era e choras-te pela falta de rumo que pauta a tua vida... é desesperante.
tentas encontrar algo que te identifique naqueles que te rodeiam, aqueles que pela ordem da vida reconhecem o teu ser, pela convivência, pelo amor... aqueles que te chamam pelo nome próprio. mas deveras perguntas-te quem são, o que sabem, o que QUEREM?
ao invés cresce em ti a solidão, observas o nada com nostalgia, falta a ignorância, sabes? ela era a redoma que te protegia da verdade, da consciência, da responsabilidade... enfim do mundo.
continuam à espera que cresças, mesmo sob a ignorância da tua presença e do teu conflituoso relacionamento com o alter-ego. já não és a mesma pessoa, não és o mesmo discurso, não és a mesma pose, o mesmo carinho... sentem a tua perdição com a dor do aviso, ignoram a tua solidão pela omissão dramática que o teu corpo evoca, mas querem-te... como querem que cresças.
cresce criança... cresce e regressa ao teu sito.

to B.

PAS

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