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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
Cresci literariamente a escrever num Mac, de écran preto e branco e muito sonhos a cor.
Cobicei envergonhadamente o primeiro Ipod que vi, e só descansei quando pude chamar de meu um lindo nano, de alumínio, frio e minimal, que ainda hoje vive comigo.
Apaixonei-me desconcertadamente pelo MacBook e contra tudo e todos empenhei-me para que hoje pudesse escrever o sonho que um dia se tornou realidade. Hoje vejo o mundo online através de uma frame negra brilhante.
Não sou materialista - ao contrário do que este post possa demonstrar - e talvez por isso este agradecimento seja tão mais significante que qualquer outro que pudesse tecer.
Obrigado Steve por transformares objectos em sonhos e é com orgulho que hoje uso cada um deles.
PAS
A vida tem um quê de ironia.
Sem ter que se explicar, aplica golpes violentos ao destino, capaz de fazer duvidar a mais certa das almas.
E sob o mantra da escolha e do gesto humano limita-se a assistir ao desenrolar de um filme tantas vezes repetido e mais vezes ainda apagado.
A vida tem um quê de ironia, mas há vidas que são mais vidas que outras. Como este caso:
O fotógrafo sucumbiu ao arrependimento e suicidou-se. A opinião pública crucificou Kevin Carter, mas, 18 anos volvidos, sabe-se que a criança que parece prestar-se a servir de pasto ao abutre sobreviveu à fome e à guerra no Sudão.
Kevin Carter disparou, em 1993, no Sudão, a foto que lhe viria a custar a vida, paradoxalmente, eternizando o fotógrafo sul-africano na galeria dos maiores repórteres fotográficos de sempre, com um "frame" icónico, um retrato de uma tragédia que não precisa de uma sílaba sequer.
Querida Nação,
Estou estupefacta com o que se passa neste país. Não posso, de facto, garantir em momento algum ter tipo grande fé na capacidade dos nossos políticos – ou em quaisquer outros, diga-se – mas o que se passa actualmente é por demais escabroso e insultuoso para comprar como mais uma penosa governação.
Hoje observo uma manifestação quase hipnótica de vários agentes a defender a aprovação de um atentado ao direito à vida, seja pela subtracção dos bens que o sacrifício diário gera, ou pelo aumento do valor de outros bens que nos aconchegam... estamos entregues a uma doutrina que evoca a imperativa aprovação de um documento virtual, que todas as semanas vai cuspindo novas medidas de austeridade, nunca no sentido do corte de despesa, mas no aumento da receita à custa de quem legitimamente espera gozar os frutos do seu trabalho.
Observo uma sociedade tão traumatizada pelas feridas recentes de uma crise económica global, que se oferece para participar num show de sadomasoquismo preconizado por uma governação despida de consciência.
Como olvidar perto de 11% de população em idade laboral no desemprego e pedir que se suba IVA, que se cobre IRS indiscriminadamente, que se diminua a dedução fiscal, que se peça o estrangulamento autónomo de cada indivíduo? Famílias a tentarem sobreviver com o ordenado mínimo... Como? As crianças, como? E aqueles que vivem da boa vontade e da doação? E aqueles como eu, que querem sonhar, sonhar com uma família, com uma casa cheia, com uma vida cheia?
A apatia, a submissão conta-me a história de um qualquer síndrome de Estocolmo, como se as almas dos portugueses tivessem sido seduzidas pela miserabilidade e hoje já não conhecem outra realidade, ao ponto de a defenderem como inequívoca, necessária. Não é suposto sofrer-se para viver, não é suposto sobreviver-se.... É suposto tão só viver-se.
PAS
Há situações que só uma urbe em conflito, um Governo de Ardina, e uma depressão assimilada pelos andores acomodados, permitem. Situações, que outrora, em momentos de paz de espírito, levariam a uma abordagem critica, senão visceral, sobre o estado das coisas. Hoje porém resumem-se a pedaços extemporâneos de comédia, momentos reais gravados em papel de jornal (pasquim), que a descrença generalizada transforma em quadros surrealistas, para apreciar e gargalhar de permeio a um copo de vinho tinto, de mesa (porque do bom não há dinheiro), e um tremoço pálido.
Sim, é assim que vejo o “estado” de certas coisas, não porque estou sentada à mesa de um botequim, de ar opiáceo – resultado de um jarro de barro envelhecido vazo de uma sangria tinta, de frutas de verão – mas antes por obra de uma parangona em corpo 30 descoberta no decurso de um acto de exploração internética aos diários da república (sem qualquer relação com aquele role de portarias destinado a porteiros de linguagem comum). Diz a mesma, inserida no contexto justiça (a ironia do jornalismo): “Sintra. Presos em greve de fome querem Playstation”, in Jornal I
Ora consta que cerca de 10% da população total do sobrelotado estabelecimento prisional tenha requerido uma melhoria substancial na alimentação, visto que o bife de frango com puré não se coadunaria com a bitola dos mesmos... recomendo como resposta, a esta legitima queixa, a passagem regular de um qualquer Jamie Oliver, ou Nigella, pela copa da prisão, na impossibilidade de tal banalidade aconselho um serviço à lá carte a combinar com um arauto da Michelin Cuisine.
Já quanto à conquista da Playstation 2 – sim, eles até foram humildes e pediram a versão anterior à actualmente comercializada – eu aconselho vivamente uma resposta afirmativa, afinal há demasiada putrefacção nas prisões, entre os que são mortos e os que só têm “tempos mortos” não há lugar para muito mais senão... morte! Por isso, é deixá-los descarregar a Testosterona num qualquer grupo de polícias que agora circulam naqueles jogos “supé” didácticos que circulam pela modernidade e que incentivam a assunção de uma carreira na orla do narcotráfico, furto e quiçá assassínio.
Há situações que só uma urbe em conflito permite uma reacção apática. Que permite que um indivíduo sentado a escravizar as horas de existência por um mísero sustento, veja outros, dissidentes, a demandarem sem retorno a qualidade de vida que não tem, e esboce um sorriso, qual resposta a uma comédia do destino!
PAS
Saiu hoje uma notícia, à qual não garanto absoluto fundamento, que enuncia a morte de um pressuposto rapper pela Policia de Segurança Pública. Todos nós, entenda-se por nós pessoas minimamente informadas do estilo rap, conhece o código de vestuário dos adeptos deste momento musical, calças largas, de fundilho pelos joelhos, ténis tipo Vans, ou quiçá, uma mera sapatilha branca com meia a condizer, t-shirt, sweats e camisolas normalmente lisas com mensagens bad ass. Tudo isto é adornado por correntes e medalhões dourados ou prateados – depende do gosto metálico – e o inevitável chapéu, boné, cap.
a revista de música Rolling Stone publicou recentemente uma lista enunciada de "top de 100 pessoas que estão a reinventar a face da América", obviamente que não sou presunçosa ao ponto de fazer uma afirmação tão acentuada como a dita revista, mas existem claramente momentos a sublinhar, nos devidos contextos.
não é novidade nenhuma que a evolução tem tornado cada vez mais pertinente a presença de figuras do showbiz na nossa galeria de influências, claro que uns optam por um Quim Barreiros - sem desprimor... afinal, é um homem que aprecia o seu bacalhau! - outros por figuras como Jon Stewart e Stephen Colbert, indivíduos que andam pela vida sempre de sorriso, irónico, na cara, e critica mordaz a brindar o mundo com o seu génio; por fim existem os que idolatram aqueles que denomino de anciães, os Prof. Hermano Saraiva, da eterna caixa de ilusões.
por todas estas razões, os nomes que destaquei, são tão mais importantes para quem lê como a vossa vizinha Geodesia o é, ou não… a Geodesia sempre foi uma ajuda incontornável, se eu tivesse uma lista era figura de topo!
Will Wright - criador do jogo SIMS: só quem nunca se entreteu nos braços de um SIM é que não sabe o valor que tem uma vida simiana, onde podemos fazer tudo o que jamais faríamos na realidade... inclusive ganhar o Euromilhões sem jogar! é só carregar em num conjunto de teclas e ficas simiónico – equivalente a excênctrico... ok, estou-me a deixar ir!
John Lasseter - o grande cérebro da Pixar: bendito é o Sr. Lasseter criador, entre tantos outros filmes de animação, do fabuloso Wall-E, uma lição de humanidade... na "pessoa" de um robot!
J.J. Abrams - sem dúvida um dos melhores produtores de sempre da TV: a série LOST será um épico, assim como Twin Peaks, de David Lynch, o foi. uma herança de peso para o futuro, tem clássico escrito em todos os episódios.
Evan Williams - criador do Twitter: não, não vou receber comissão! a verdade é que Evan descobriu uma nova forma de unir o mundo... depois de parecer esgotada na forma dos messengers e sms!
Larry Page e Sergey Brin - as mentes brilhantes por detrás do Google.
Radiohead - duas décadas a dar música. quem não se lembra daquela tarde escura, no invernoso ano de '93... enquanto o frio apertava e as árvores dançavam revoltas, da melodia crua e o conteúdo dramático de "Creep", que se fazia ouvir ininterruptamente..."But I'm a creep, I'm a weirdo, What the hell am I doin' here? I don't belong here"
Trent Reznor (Nine Inch Nails) - líder dos míticos NIN, é o eterno vanguardista, um dá só música, ensina-a.
a lista oficial (aqui) é essencialmente direccionada, para os eternos news flash norte-americanos, as chamadas febres sazonais, Baracks Obamas, crises económicas e claro as alterações climatológicas*... a eterna questão do "mundo verde".
PAS
* na onda do Diogo Infante, explico o climatológico em deterimento do climatérico, a palavra "climatérico/a não existe... aconselho vivamente o programa Cuidado com a Lingua
faz uns aninhos que comecei a ouvir dizer que a tecnologia era a ponte para o futuro, e de facto muito se tem evoluído graças à bendita, no entanto a questão da evolução - e não, não vou voltar ao assunto Darwin, por muito pertinente que seja - tomou um rumo estranhamente ficcional.(ver aqui)
que nós ajustemos as nossas necessidades e a nossa rotina consoante a evolução tecnológica... ainda aceito, com as reservas que me concede o meu breve conservadorismo, agora alterar o nosso aspecto físico? bem sei que a Finlândia, a par dos seus vizinhos escandinavos, se destaca pela evolução tecnológica, mas colocar uma drive USB no lugar de um dedo deixa-me com uma pergunta profundamente perturbadora: para quando o leitor bluray na virilha e o LCD no abdómen?
tem coisas...
PAS
a Newsweek foi indefinidamente colocada para reflexão após análise ao último exercício... ou antes, tentativa de exercício (referente à Newsweek Two, guardada para memória futura) . é indecoroso para a literatura escrever sem intenção ou propósito, escrever por escrever é sintomático da inexpressão emocional.
aguardo por isso - e por algo mais - que a eloquência e o génio me encontrem para prosseguir a minha jornada literária.
PAS
Carlos Darwin e o El PIB
como toda a gente sabe ontem celebrou-se duas centenas de anos de existência física, e depois psicológica de Charles Darwin - sim, era um indivíduo inteligente, mas de morte tão certa quanto qualquer burro.
estranhamente o Aforismos conseguiu através de um momentum fringe (em honra à tão propalada nova série de JJ Abrams), no aniversário de douto senhor, uma pseudo-conversa sobre um novo fenómeno evolucionista - El PIB (Progresso Indeterminado do Banalismo).
ora de acordo com Darwin, nada melhor que adaptar a teoria exposta em "Origem das Espécies": a evolução tende a desenvolver-se através de um processo de selecção natural, favorecendo os indivíduos cujas aptidões são mais vincadas na luta pela existência. ora no nosso país o problema reside na amostra de população que luta pela existência - e não, a questão não está na enormidade da amostra - esta reside essencialmente na classe baixa, e média-baixa com tendência a atingir a média-alta, convenhamos que isto deve corresponder a 89,75% (arredondado) da população, os ricos estão de facto em vias de extinção.
como disse Darwin os seres podem “evoluir” para outros seres, tipo de ricos para pobres e convenhamos nós somos cada vez mais um bando – alusão ao aspecto natural da coisa - de pobres. (palavra de Darwin!)
Darwin achava e continua a achar que apesar de todas as "qualidades nobres" e "capacidades sublimes" da humanidade e dos portugueses (convêm não misturar):
"o homem ainda carrega na sua estrutura física a marca indelével da sua origem primitiva." eu acrescentaria que ao nível do povo português o mesmo se verifica no aspecto social, económico e claro psicológico!
conclusão, o banalismo está para ficar, talvez para confirmar a Lei de Mendel: é hereditário, os eternos pobres... esperemos por 20 de Julho de 2022, quando o Gregor fizer 200 anos, pode ser que também ele queira descobrir El PIB. entretanto para os inconformados sugiro um pouco de Criacionismo Clássico, pode ser que uma qualquer ajuda divina intervenha.
Rihannagate
dificilmente qualquer pessoa chamaria este evento como merecedor de Grammy, mas chateia-me quando a história não é bem retratada! no princípio da semana foi celebrada a noite dos anos 70, perdão! queria dizer Grammys, mas estava a olhar para o Robert Plant, um dos grandes vencedores da noite, e fugiram-me os dedos para a parvoíce nostálgica. mas como anunciava, foi de facto uma noite marcante, principalmente para a famosa artista Rihanna, que ao que parece, foi marcada pelos dedos, dentes e afins do famoso namorado Chris Brown. muitas histórias têm circulado deste então sobre o famoso caso de violência viária (aconteceu num parque dentro de um carro), desde ciúme, desequilíbrio emocional... falta de banho a saudade dos pais... no entanto uma fonte anónima confidenciou ao Aforismos que Rihanna foi na realidade atingida por um Umbrella (guarda-chuva) porque Chris ficou sem Air...
Jay-Z já veio dizer que Chris meteu-se com as pessoas erradas e "é um homem morto", de facto Al Gore não gosta que a palavra Air seja proferida em vão, principalmente desde o apanágio do arrefecimento ou aquecimento global? é melhor ir pelas alterações climáticas! por seu lado a associação de protecção ao Umbrella também já emitiu um comunicado em defesa do guarda-chuva de Rihanna, onde se destacam as palavras "preconceito", "violência", "maus tratos" e "racismo" para com tão úteis objectos do quotidiano, também foram endereçadas algumas palavras de conforto à artista, pela perda do item.
depois do "shame on you" tão bem retratado pelo Blasfémias (sem ironia), temos agora a crise dos guarda-chuvas nos Estates (com muita-muita ironia).
Cinema
assisti a medo, na semana passada, ao filme Slumdog Milionaire, com tradução à letra - como aliás já se esperava – para o portuguesíssimo Quem quer ser Bilionário. okapas, só o título dava pano para mangas, mas vêm ai o Verão, a manga curta... não vale a pena. o filme é uma surpresa, a história muito bem contada, realização extraordinária e verdade seja dita que nem se nota que são todos indianos, pelo menos até ao fim quando.... ah estava só a testar, não vou fazer spoilers.
é a minha recomendação da semana, seria a minha recomendação do mês se isto se chamasse newsmonth, ou mesmo a recomendação do ano se isto se chamasse newsanual, ainda bem que não é porque tem um ar ligeiramente pornográfico.
PAS, do manicómio... quase.
o Aforismos e Afins mudou de apartamento, após três anos de residência na rua Blogspot resolveu mudar-se para a grande cidade – os transportes eram de morte! O novo alojamento não é tão “plural” mas é condigno… grandes mentes residem no Bairro do Sapo, talvez alguma desperte na rua Aforismos.
a mudança não é só “geográfica”, alguns aforismos serão reeducados e outros adquiridos, sem perda de ADN, claro! o blogue outrora meramente inflectido, terá um desígnio mais expressivo, recorrendo para isso a outras formas de arte (ainda em desenvolvimento) e a momentos interactivos por via do meu novo amigo Twitter.
resumindo, a desencantadora de letras manter-se-á fiel ás inevitáveis tentativas de narrativa, juntando-lhes no entretanto a descompressão da música, da “arte” – as aspas são para disfarçar o pretensiosismo – e da fotografia
espero manter-me fiel ás expectativas criadas pelas quase de quatro mil visitas consagradas na minha póstuma residência.
PAS
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