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Uns mais afim que outros, enquanto os outros nem sabem do aforismo
Eu acredito que as pessoas e consequente postura na sociedade são semelhantes à forma como se olha para um Cubo de Rubik.
Umas procuram, trabalham, torcem e o falhanço é o único resultado. Podem, eventualmente, chamar vitória a uma linha, quem sabe até a uma face, mas o mundo sabe que falharam e continuarão a falhar.
Depois existem os conformados, aqueles cujo o tutti-frutti é sinal de suficiente, mexer num cubo é estúpido e que o sólido tem “mais piada” assim. Nessas situações a percepção é de que a vida é para ser uma caminhada pela estrada do desinteressante e o horizonte uma linha ao fundo da estrada. Quase podiam ser minimalistas, se o minimalismo não tivesse todo um conteúdo por trás de uma retórica, inexistente nestes “Tutti-frutti”.
Por fim, os Rubikianos, indivíduos que abraçam um projecto, uma conduta, e não se deixam vencer pela dificuldade, procurando com maior ou menor dificuldade o sucesso, construindo linha a linha, face a face as cores da sua vida.
Claro que ainda existem aqueles que roubam cubos, destroem-nos pelo que representam, ou ao invés de se preocuparem com os seus cubos concentram-se em interferir em cubos alheios.
Depois de 189 palavras de analogias de século XX, concluo. Bem sei que existem pessoas – cruéis sinaléticas humanas – que avisam, com moderada frequência, que outras são apenas arraçadas da espécie. Eu limito-me a concordar, pelo menos pelos próximos dias, até a última estupidez humanada ter sido evacuada... literalmente.
PAS
27.Agosto.2013
Hoje armei-me, adoro esta expressão cheia de classe, em ciclista. Andei feita parola, de calção, "camisa em tê" - vá toca a falar português - e óculos de fino intelecto a palmilhar Lisboa da primeira à sétima colina.
Conclusão a retirar do sacrifício: Nenhuma de jeito. A pança continua no mesmo sitio, a minha cara assemelha-se a um pimento vermelho redondo gigante, onde as sementes se inverteram e resolveram pautar o pimento, num claro manifesto ás sardas irrascíveis. Outra não conclusão é de que a bicicleta, como objecto, é absolutamente idiota, devia ter um mecanismo que permitisse um modo cool, para quem, como eu se cansa da futilidade do pedalar, para além de que continuo a não conseguir replicar o aspecto madaleno, benedito e diáfano, daquelas meninas que fazem da bicicleta um parceiro de ballet na estrada, e cujas pedaladas são gestos de uma coreografia que só os benquistos alcançam. Pois merda para elas. Eu pareço uma parola.
PAS
09.Agosto.2013
Hoje. Local, Metro de Lisboa, sentada num dos vários ninhos para quatro individuos desconhecidos.
À minha frente estava sentada uma mulher de origem indiana, perfeitamente normal, amarela, com pouca pele à mostra na cara, mas de braços nús, quase até ao pescoço do vizinho do lado.
Até aqui tudo fixe, até o meu olhar clínico cair sobre a habitual bola vermelha situada entre os olhos. O tamanho era regular, o vermelho vivo, como se pede, mas estava deslocada. O lugar da bola é claramente cirúrgico, diria milimétrico, e a bola da Priyanka sentada à minha frente estava a encaminhar-se perigosamente para o olho direito, com a agravante de estar a deixar rasto.
Apeteceu-me avisar a Priyanka, meter o dedo na bola e colocá-la no sitio, mas acabei por deixar a bola seguir o seu curso rumo ao olho inocente.
Sim a cobardia venceu e a estação do Metro do Cais-do-Sodré também.
PAS
Desde os primórdios da humanidade que o homem tem desenvolvido capacidades fantásticas a atender telefones, e se os egípcios tinham dificuldades em transmitir todo o conteúdo fonético dos hieróglifos, os gregos deram largas à imaginação e trataram de transformar chamadas telefónicas em autênticas dissertações filosóficas.
Francamente ninguém sabe muito bem quem é que inventou o telefone, dizem que há indícios muito sérios de fósseis a morar ao largo do rio Trancão, com marcas distintas de um telefone analógico, mas faltam as certezas.
Regressando ás habilidades de comunicação dos humanos ao telefone, estas podem dizer muito sobre alguém, nomeadamente na altura em que esse alguém atende uma chamada, ora vejamos:
1. Estou?
Ora um indivíduo que atenda o telefone com esta formação léxica é claramente hirto, seco – e não estou a falar da garganta – com pouca imaginação e fraco sentido de humor. Uma seca portanto.
2. TOU?
Pessoa altamente agressiva, que não gosta de falar ao telefone, detesta telecomunicações, e odeia quem lhe liga. Uma besta portanto, com mummy issues.
3. Tá la?
Individuo sempre bem disposto, que usa todo e qualquer momento de comunicação para mostrar ao mundo que é irritantemente feliz e que por todo o lado brotam flores e que os passarinhos chilreiam por onde passa. Annoying!
4. Alô?
Pessoa descontraída cujo o inconsciente trai com enorme simplicidade, prova disso é a utilização de vocábulos com influência tietista e roque santeirista. È pessoal bacano mas de desconfiar.
5. Estou sim…
Individuo altamente convencido, a conversa ainda não começou e já está se está a fazer o centro da mesma… tipo ninguém perguntou se estava. É sempre tudo sobre ele, SEMPRE! Impossível de aturar!
6. Quem fala?
O wanna be inspector que nunca se lembrou que para o ser tinha que ir fazer testes à judiciária ou à guarda nacional republicana e utiliza cada telefonema para fazer um inquérito ainda que não existe nada de interessante para inquirir. A evitar a todo o custo.
7. Faxavor?
Estou tentada a escrever apenas bimbalhiçe, sem desenvolver… e é o que vou fazer. Tipo, a sério?
8. Aloha
Pessoa que vive no Verão do Hawai o ano inteiro e cujo o léxico comum não passa sem bué, bacano, baril, fixe, topas, entre outros vocábulos de enorme insight gramatical. São os surfistas do telefone e ás vezes sabe bem falar com eles, mas não em demasia ou damos por nós como vítimas de contágio e a propagar os bués da vida.
9. Xicrano Beltrano
Pois é, estes senhores são os “caller id” – sim, eu sei, é comum as pessoas caírem no erro de acharem que os “caller id” são programas de software de identificação, mas não! eles são humanos! – estes indivíduos utilizam o nome de quem lhes liga para ganharem uma vantagem estratégica sobre o contacto, não atendem telefones sem identificarem o autor e jamais atendem chamadas de números não identificados. São estrategas naturais e para eles a vida é apenas um pedaço de gestão que depende de valores da bolsa e é tudo mega boring e chato. Eu acho-os um bocadinho creepy.
Há obviamente outras formas de atender o telefone, seja de forma artística, de música pimba a tocar de fundo, voz baixa numa frequência quase inaudível que nos põem a nós a gritar por elas, ou sotaque imperceptível. Mas a conclusão a tirar é que como a maior parte das coisas na vida isto não tem interesse nenhum.
PAS
Este Verão – Inverno noutras zonas do globo – tem sido particularmente difícil de racionalizar, temperaturas altas em zonas amenas, chuvas torrenciais anómalas, pessoas de camisola no Rio de Janeiro... enfim, um festim para os defensores dos efeitos nefastos das supostas alterações climáticas, uma dor de cabeça para aqueles que, qual teoria do caos, não acreditam que pelo simples facto de assobiarem para o lado sobre as causas de tão díspares sinais climatológicos, uma borboleta levanta voo no hemisfério contrário e que cai uma enxurrada num quintal num ponto qualquer do outro lado do mundo. Al Gore deve estar nas suas sete quintas... nenhuma da enxurrada, claro!
Tenho que assumir que sou leiga no assunto, limito-me a levantar de manhã, olhar pela janela e avaliar a minha toilet de acordo com a observação. E a minha avaliação sobre os assuntos climáticos resume-se a uma pesquisa no Google sobre o estado do tempo nos 10 dias seguintes. No entanto o meu intelecto, limitado mas com tendências para a emancipação, tende a contrariar certos processos de consciencialização da sociedade; eu não sei se o papel que é atirado para o chão produz de facto um efeito negativo àquela película invisível – para os leigos, como eu – de nome Ozono, mas receio que a argumentação para a sensibilização social esteja a cair no obsoleto, pelos visto o pessoal está-se todo a marimbar para as vicissitudes do tempo, ou para um Ozono qualquer que provavelmente em questionário mais depressa é associado a um qualquer DJ que a uma layer crucial do nosso planeta.
A realidade porém chega-me todos os dias à porta do meu cada vez menos digno lar e cada vez mais simbólico monumento à esterqueira. Assim é! Está pois aquela entrada em plena cidade de Lisboa – uma das que oferece melhor qualidade de vida no mundo???? – entregue à sensibilidade social da nata lisboeta, ou neste caso à falta dela. Estou neste momento sob um dilema de proporções galácticas, não sei se hei-de contactar com as autoridades e reportar o desaparecimento dos almeidas, e expor aquilo que poderá ser uma manobra de uma organização criminosa internacional direccionada para o rapto e exploração de almeidas para fins lucrativos, colocando a minha família em risco; ou se, por outro lado, devo contactar a Câmara Municipal e questionar se está a decorrer algum concurso de esculturas recicladas, nas ruas de Lisboa, estando o mesmo ainda em fase de recolha e agrupamento de material, sendo a minha porta um claro receptáculo do mesmo! Um verdadeiro Ponto Castanho, para colocação de merda reciclável.
Certo, certo é que a história da carochinha e das alterações climáticas são mega giras mas o interesse reside apenas para uma percentagem equivalente àquela que se senta no fastio da Assembleia da República, a defender os Verdes! Sugiro por isso que comecem a penalizar aqueles que cagam as ruas, particularmente a porta da minha, e só depois se preocupem com a lavagem cerebral sobre o tempo e o El Niño.
Entretanto para aqueles que ainda assim preferem dedicar os enleios à justificação de fenómenos meteorológicos sugiro este ficheiro secreto: Mistério de chuva de fezes intriga cidade francesa.
PAS
não concebo nada mais fantástico do que acordar e ouvir logo pela manhã o típico british accent:
it was so bizarrely dreadful, really…
por Simon Cowell, em American Idol
é como receber um beep de um despertador sarcástico para uma manhã de esplendor.
P.S. ...killed in a good way or a bad way?
por um Wannabe
PAS
não é a primeira vez que me surge esta ideia enquanto examino um dos espaços vazios do Sudoku. aquele metodismo, a alienação, faz-me sentir como Simon no filme Mercury Rising... dou por mim a balouçar o corpo para a frente e para trás como se na cadência encontrasse o rumo para a solução do puzzle. é uma forma de Autismo, talvez lhe deva chamar autismo temporário, como a amnésia, serve apenas aqueles breves momentos de indefinição ou suspeição, obliterando-se com o ressurgimento da verdadeira face.
vivemos hoje num estado hipocondríaco, está tudo mal... o país está mal, a conjuntura é má, a saúde é péssima, a educação de bradar aos céus, a agricultura inqualificável, o esposo/a irritantemente presente, os filhos impertinentes e mal-educados, os carros bebem demais e o dinheiro peca por escasso… enfim a eterna realidade portuguesa, o lado depressivo de um estar bipolar que cada vez menos se excita. só encontro uma solução… resmas, paletes de fluoxetina.
Ámen.
PAS
apesar de toda uma legião de adeptos e fângios, a existência de Tio Patinhas tem mais substância que a retratada pelos livros de banda-desenhada infanto-juvenis... uma adaptação infeliz - tem que se assumir - senão pela personagem tipo Dona Branca à espera do quinhão, pelo menos pela ignorante associação a um ícone da psicologia de bolso como o psico-pato, vulgo Patinho Feio.
Tio Patinhas era um indivíduo patologicamente bucólico, apreciador de um bom vinho - Quinta do Pato -, mas de personalidade complexa. cónego de nascença sempre primou pela vulgarização do dinheiro e da actividade social, diz-se pelo burgo que o nome Tio derivou exactamente das suas actividades de playboy cascaense. reservo aqui o direito de clamar veritá pela boca do povo.
pois Patinhas, era o membro mais avesso da real família Patino, sendo herdeiro de sangue nobre, cedo demonstrou as suas habilidades de pato-mudo*, situação quase herética no seio. não foi com surpresa que observou, no colégio, o seu nome converter-se de Patino, para Patinho e mais tarde de Patinho para Patinhas - um caso ainda hoje por esclarecer mas do qual se pode subtrair a existência de um vestido e alguma maquilhagem.
apesar da desfiguração do título familiar, o Tio era un bon vivant, gostava de festas e romarias… não era estranho vê-lo na Capital, Lux e afins sempre de calça branca, com uma dobra de 2 cm e meio no fundo, e uma camisa preta com botões madrepérola desmesuradamente aberta para exibir a sua cobra de platina. era um personagem, sem dúvida. mas a substância deste avesso Patino, derivou das suas aventuras errantes, diz-se que dormiu em todos os hotéis da vila e mais além, isto apesar da existência de uma fabulosa penthouse nas Torres Bazonas de Sete Rios, sempre com companhias diversas e número superior ao par… Patinhas era o nome na lama da família nobre de Cascais, mas o mais benquisto pela sociedade cor-de-rosa… e talvez por isso o seu assassinato tenha, até hoje, suscitado mais interesse que o assassínio de JFK, Diana de Gales ou da Floribela.
aquele que mitigava o pudor, seria desde então exarado por uns (aqueles que lhe desejavam a morte: a.k.a. família) de patinho da Playboy, Hugh Hefner português, o homem das mil mulheres… um sociopata. e por outros, família do povo e afins do Conde Castelo Branco, um amorrrrrr de pessoa.
a verdade é que até hoje ninguém sabe os verdadeiros contornos deste caso tão patinhado, ao ponto de existirem tentativas de subversão do nome Tio Patinhas ao mundo da ficção infantil, a famosa personagem do pato milionário exaurido da folia e dedicado ao celibato através do casamento, não com a religião, mas com uma qualquer caixa forte de Patopólis.
a história não lhe fez justiça, Tio Patinhas (nascido para o mundo como Baltazar Fiasco de Mello Freire e Patino) era e sempre será um ícone da sociedade do coito festivo.
* indivíduo que em assembleia não faz uso da palavra.
PAS
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