Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Rubik

por PAS, em 13.09.13

Eu acredito que as pessoas e consequente postura na sociedade são semelhantes à forma como se olha para um Cubo de Rubik. 

Umas procuram, trabalham, torcem e o falhanço é o único resultado. Podem, eventualmente, chamar vitória a uma linha, quem sabe até a uma face, mas o mundo sabe que falharam e continuarão a falhar. 

Depois existem os conformados, aqueles cujo o tutti-frutti é sinal de suficiente, mexer num cubo é estúpido e que o sólido tem “mais piada” assim. Nessas situações a percepção é de que a vida é para ser uma caminhada pela estrada do desinteressante e o horizonte uma linha ao fundo da estrada. Quase podiam ser minimalistas, se o minimalismo não tivesse todo um conteúdo por trás de uma retórica, inexistente nestes “Tutti-frutti”.

Por fim, os Rubikianos, indivíduos que abraçam um projecto, uma conduta, e não se deixam vencer pela dificuldade, procurando com maior ou menor dificuldade o sucesso, construindo linha a linha, face a face as cores da sua vida. 

Claro que ainda existem aqueles que roubam cubos, destroem-nos pelo que representam, ou ao invés de se preocuparem com os seus cubos concentram-se em interferir em cubos alheios.

Depois de 189 palavras de analogias de século XX, concluo. Bem sei que existem pessoas – cruéis sinaléticas humanas – que avisam, com moderada frequência, que outras são apenas arraçadas da espécie. Eu limito-me a concordar, pelo menos pelos próximos dias, até a última estupidez humanada ter sido evacuada... literalmente.


PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Vazio do Calor

por PAS, em 29.08.13

15.Agosto.2013


Dias nadam sobre ondas invisíveis de raios UV, a mente associa-se ao ócio e o pensamento torna-se um registo oásico de um deserto de ideias. De fundo faz-se soar a normalidade, através de um A/C demasiado barulhento para ser premiado pela temperatura menos sofrível do antro. 
Não se passa nada. A televisão oferece uma variadade de merda apenas existente nas fossas comuns do interior da China. À janela, observo a rua vazia. Fico a aguardar os naturais rolos de feno habituais nos desertos cinematográficos. Mas nada. Nem vento, nem feno, nem lixo.
Ligo para alguém, só para saber se o som do outro lado, da agora inexistente linha, era igual ao do oco e pausado silêncio. Apenas o toque ininterrupto de chamada se faz presente.
Dou um berro, os dois gatos olham para mim e logo desviam o sentido para se recostarem-se novamente no sofá. Também eles se vergaram ao nada.
Fico a olhar ao espelho, só eu e eu, tento descobrir o significado do "nada no olhar", procuro-o no meu olho direito, depois no esquerdo, até a vista ficar turva, ardente e uma lágrima escorrer pelo rosto. 
Uma voz chama-me de outra divisão e retira-me da hipnose. "Um algo" pensei. Corri. A revelação foi o alarme do e-mail a avisar-me, que Nada estaria a aguardar. E porque um bom feriado é um bom conjunto de nadas, suspendi a busca por algo e abracei o nada, como se não houvesse amanhã.


PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)

Esse Ele Bê

por PAS, em 29.08.13

TESTEMUNHO

20.Maio.2013


Este será o meu último testemunho sobre o Benfica, esta temporada, bem sei que a temporada só termina no próximo domingo mas para mim, e existe um enorme duelo entre neurónios Pros e Cons, pode até nunca ter começado vistas bem as coisas.

Sou uma pessoa de hábitos simples, tenho pequenos prazeres dos quais não abdico e um deles é de sofrer abnegadamente pelo Benfica. Quem me conhece sabe que a doutrina pela qual professo a minha abnegação é tão genuína quanto ingénua. Enfim, amores têm muito pouco de razão quando são verdadeiros. 

A origem deste meu entusiasmo, conquistado sobre o desgosto profundo do meu pai, esteve numa influência, sem paralelo, do meu avô materno, benfiquista apaixonado, habitué nas vitórias e conquistas e hoje um sofredor silencioso que perdura no tempo, qual obstáculo à intempérie, caminhando lado a lado com a esperança de ver o Glorioso regressar à glória. Não esqueço também os Verões de injecção benfiquista, com os meus primos Albuquerques, acérrimos discípulos da águia e também eles habituados a cultivar no âmago de qualquer um o desígnio benfiquista, é também a eles que devo este amor irracional.

A razão pela qual eu resolvi deslizar a pena tecnológica é só uma: O expressar do orgulho. Há vitórias que se conquistam com suor, arte e por vezes lágrimas, aquelas vitórias que caem sobre os pontos acumulados de uma temporada e que premeiam a regularidade, e depois existem as outras. As outras perguntam? Sim, as outras. Vitórias que uns gracejarão como “morais”, outros como “ausentes de exigência” e por fim os que na incompreensão tratarão simplesmente de as rejeitar.
Falo na vitória do sonho, coisas que certos clubes não compreendem e jamais compreenderão. Uns porque se habituaram a comprar as vitórias e hoje a celebração das mesmas são tão desconchavadas quanto insossas, e outros porque o sonho é hoje um pesadelo imerso em várias épocas de insónia sem fim à vista. 
E o que é a vitória do sonho? Para os puristas, como eu, é a vitória do futebol, da beleza do jogo enquanto pratica colectiva, com capacidades mágicas de nos fazerem criar uma lágrima no canto do olho e pensar em arte. 

Claro que vozes erguer-se-ão a reclamar títulos, resultados, mas a matemática para mim nunca teve grande poesia, é infinitamente mais belo ver o sonho a ser criado que limitar-mo-nos a aceitar a sua realização. E o Benfica é sonho.

Por tudo isto agradeço a quem desenhou este fado na minha vida, é sem sombra de dúvidas o mais incongruente de todos, mas também a prova de que a incongruência pode e deve ser fonte de prazer. 


PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)

Desterra

por PAS, em 23.02.11

Gigantes falos de cimento apontam aos céus

Soltando nuvens de cinzento sobre um mar azul.

Serpentes de metal ejaculam pecados em detritos,

Sobre as águas da vida, sem a advertência de mal.

Árvores, socráticas, convidadas pelo vento a dançarem

Caem, desmaiadas, aos pés da ignorância humana.

Animais atravessam desertos, pântanos, lagos

À procura dum sinal divino que lhes diga onde parar.

Raízes de vazio em contínuo rasgam solos de seca,

Sem oásis no horizonte. Uma gota de água que console.

Campos de verde esperança, esmagam-se sob o pé nu

Da displicência. Da sobranceria humana. Do desrespeito.

Crianças choram, gritos mudos, de braços caídos,

Derrotadas por um horror de infância, fome e sede.

Um saco branco de plástico voa sem destino pela rua,

Qual símbolo de uma paz triste e de uma vida nua.

Matam. Torturam. Contaminam o futuro sem pensar

E ainda exploram a história para mais tarde recordar.

E nós e os nossos filhos? Ninguém quer saber?

Cuidar da vida, mais do que um direito é um dever.

 

PAS

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.


Arquivo

  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2014
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2013
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2012
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2011
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2010
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2009
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2008
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2007
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2006
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D